Morrera numa quarta-feira de cinzas
Como toda ilusão
Era uma tarde quente
Sem nuvens ou lágrimas que abrandassem o ocorrido
Não houve convites, avisos
Nem adeus
Morte súbita
Embora não tivesse sido surpresa
Porque não fora a primeira de suas mortes
Já acostumado a tantas
Não passou de uma data marcada num calendário
Calejado
Corroído pelo pó e mofo
Morreu
Apenasmente e somente
Talvez para renascer e maltratar e morrer
Como um aborto
Inesperado
Dolorido
Ou flor
Que teima entre espinhos
E da dor e lamento, a beleza
Verdeja porém
Após um enterro sem esplendores
Ganhou uma lápide
Mármore carrara
Com uma inscrição em letras góticas:
“A incerteza fora meu veneno”
Amor Sousa da Silva
Um comentário:
Bravo, poeta!Herança do tempo!
isaias
rabiscoliteratura.blogspot.com
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