PÁLIDO OLHAR ESTÚPIDO

Às vezes, você me deixava alegre
Às vezes, garota, achava que conseguiria tudo que eu quisesse
Se o tivesse
Teu pálido olhar triste
À procura do distante
Esse olhar de natureza morta

Quando mirava teu olhar
E o sentia no meu, ainda que despedaçado,
Teu pálido olhar triste
Nada desejava
Além de teu pálido olhar
Que se perdia numa nuvem qualquer que passava perdida no céu azul
Às vezes, garota, eu me via a sorrir
E estava certo de que era teu pálido olhar estúpido

Porquanto, garota, diga algo
Grite palavras de ira e desafeto
Que não tenho nada
Que nada tateio
Além da lembrança do teu pálido olhar
Além das andanças sempre cabisbaixo
Em que perdia a direção do céu
Para vê-lo apenas no reflexo de poças d’água com os sapatos molhados e o pensamento cheio de teu pálido olhar estúpido.

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